terça-feira, 8 de abril de 2014

Resenha: A Noite Maldita

   Hei alle!

    Eu não sou muito fã da cultura ligada ao terror, seja em filmes, livros, séries ou quadrinhos, então pegar um dos livros do autor André Vianco é definitivamente sair da minha zona de conforto literário.
    Ano passado quando estive no Brasil eu aproveitei a viagem para trazer para casa dois livros de autores brasileiros que eu ainda não tinha lido e baseie minha escolha pelas críticas que tinha lido até então. Trouxe Fios de Prata do Raphael Dracon, e Bento do Vianco.

    Comentando depois com o meu irmão que eu tinha comprado o primeiro livro da Saga do Vampiro-Rei ele me disse que tinha o A Noite Maldita, o livro que explica o que ocorreu antes do arco de história iniciada em Bento.
    Empréstimo familiar providenciado, só faltava criar a coragem de começar a lê-lo.



Série: Saga do Vampiro-Rei
 Autor: André Vianco
Editora: Novo Século 
Formato da edição: brochura
Qde páginas: 662

  Desafios: Seriously Series Reading Challenge 2014 (series started in 2014)
Full House Reading Challenge 2014 (won or borrowed);


Sinopse:

    "Quando metade dos seres humanos adormece inexplicavelmente, o que surge é um cenário apocalíptico: prédios em chamas, falta de eletricidade e pessoas desesperadas correndo sem rumo pelas ruas. Nada mais funciona como de costume, e os hospitais ficam lotados com vítimas do que parece ser uma terrível epidemia.
    Porém, tudo piora quando uma parte dos "adormecidos" desperta com uma sede incontrolável de sangue. Inicia-se então uma guerra de proporções nunca antes registradas, entre humanos e vampiros, naquela que, para sempre, seria chamada de A noite maldita.
    Ambientado em diversas cidades do Brasil, o livro leva o leitor a um mundo caótico e sombrio, onde a luta pela sobrevivência é constante e qualquer descuidado pode ser fatal."


Minhas impressões:

    A narrativa do livro é realizada através de crônicas, agrupadas em intervalos entre NOITE e DIA, contando o que aconteceu e como reagiram vários personagens a singularidade ocorrida na noite posteriormente conhecida como "a noite maldita", onde o mundo mudou. Com parte da população adormecendo a um nível semelhante ao do coma, outra parcela adoecendo e ficando extremamente agressiva, coube ao grupo "são" recuperar-se rapidamente do estado de estupor e aprender a adaptar-se as mudanças e consequências que agora precisam enfrentar.

 "(...) Os gritos. Os gritos vieram à sua mente, aqueles que já pouco ouvira aqui e ali tinham um significado. Aquele demônio insano parado ali na sua frente não era o único. Então era isso! Era isso o que estava acontecendo! O mundo estava mudando, fugindo dos trilhos, deixando pessoas caírem num sono para despertarem mudadas, como que saindo de um casulo e se tornando aquilo: demônios, monstros, assassinos, vampiros." - pág. 188

    O texto tem uma narrativa gostosa, onde por vezes a história desenvolve-se sem pressa, nos deixando absorver as mudanças sutis no início, enquanto que em outros momentos assume um ritmo intenso com cenas de ação bem escritas, brindado-nos também com passagens espirituosas.

 "- Ainda bem que você não foi atacado por um saci.
  - Por quê?
  - Porque de saci eu não sei como a gente se livra.
  - É só mandar ele te dar uma rasteira. Quando ele te der o rodo ele cai, aí é só algemar." - pág. 293

    O que mais me encantou foi que o autor conseguiu me fazer gostar de uma história mais sangrenta do que estou acostumada. Não que A Noite Maldita seja sanguinolenta, o livro tem sangue, ataques, sustos, suspense e clima apavorante na medida certa, conseguindo utilizar bem essas partes como elementos naturais do texto, e não simplesmente os usando para manter o nível de adrenalina dos leitores em alta.

    As crônicas seguem um bom número de personagens, e aos poucos o foco principal vai mudando de um para outro, um recurso que achei bem interessante, pois o papel central foi dividido entre parcelas diferentes da sociedade, nos mostrando uma visão mais ampla do que estava acontecendo em São Paulo e em outras cidades do Brasil. Como esse evento atingiu diversos níveis da sociedade. 
    Talvez alguns leitores não gostem de ter que acompanhar tantos personagens secundários, que acabam não tendo um "desfecho" propriamente dito, mas acho que funcionou bem para percebemos a abrangência e diversidade de efeitos e reações.

    O autor conseguiu criar bons personagens, tanto do lado dos sobreviventes quanto do lado dos atingidos pela doença misteriosa. Gostei em especial do Cássio e da Raquel. Um de cada lado desse novo mundo, ambos lutando por sua sobrevivência e por aqueles que eles amam, infelizmente a vitória de um é a derrota de outro.

    Fiquei super curiosa para saber de onde surgiu essa "doença" e como ela se alastrou tão rapidamente, não sei se isso é respondido nos outros livros da saga, e apesar da curiosidade não encarei a falta dessa informação como um ponto negativo do livro, deixou-o na verdade cercado ainda mais de mistério.

 "(...) O tempo, com a chegada do crepúsculo, tornava-se um adversário poderoso, visto que era ele o corcel que puxava, furiosa e insensivelmente, o assustador cabriolé da noite, cujo passeio cobria a terra com um manto de escuridão e, quando as portas da tão funérea carruagem se abriam, a promessa se cumpria e os novos passageiros sem vida desciam, pálidos e cheios de fome  de vida a nos visitar." - pág.526

    Literatura brasileira de alta qualidade.   
    Lerei Bento assim que der! :)



    Minha Avaliação: 5 livros


    Ha det bra!!

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